Versifico-te por completo.
Como artista inquieto,
Te construo com palavras.
=Dom
Versifico-te por completo.
Como artista inquieto,
Te construo com palavras.
=Dom
Não quero que me imputes
crime por ter esperança.
Pois se a tenho, a tenho pra mim.
E não peço que a compartilhes
ou que dela sobrevivas.
Mesmo porque, a esperança
é um alimento escasso
e só pode alimentar
um homem por cada vez.
Suplico, no entanto, que
não afastes de mim, teus olhos.
Pois neles me apego qual
desgraçado à sua certeza.
Nisso não há crime,
nem agouro ou maledicência.
Esperança, minha senhora,
não é crime. Crime é não possuí-la.
E desse mal, juro, não sofro!
Ademais, são teus olhos, em mim,
a própria “esperança dos desgraçados”
E se não os tivesse, seria eu, apenas
um desgraçado sem esperanças.
Não tivesse esperanças, senhora,
tanto pior seria pra ti.
Afinal, quem daí cantaria teus olhos com
tamanha paixão, respeito e temeridade…
=Dom
Como artista inquieto,
reconstruo-te nas palavras.
=Dom
Ela lia Kafka,
Eu lia suas curvas…
Ela absorta em palavras,
Eu em sua geometria.
Em um segundo
Éramos o mesmo,
um mesmo…
E eu sorvia Kafka
na plenitude
de sua geometria…
=Dom