Não só acredito, vendo!
=Dom
———
Das igrejas do falso evangelho e suas mentiras prosperistas…
Não só acredito, vendo!
=Dom
———
Das igrejas do falso evangelho e suas mentiras prosperistas…
Vende-se um cristo:
novo, sem furos nas mãos,
sem marcas de lança
e sem a cruz original.
Cabeça intacta, nunca
arranhada por espinhos…
Pagamento somente
em dinheiro!
=Dom
_____
Das igrejas do falso evangelho e de seu cristo sem vida, verdade e sem cruz…
Vox populi, voz satanæ…
=Dom
Luto!
(abso)luto,
morreu-se
meu
domingo…
=Dom
_____
Taedium vitae matinal nestas obscuras “segundas-feras”…
Faz tempo que
não moro mais
na minha rua
Nem crianças,
nem velhos.
Nenhuma viv’alma,
nem uminha!
Nunca sei pra onde fui
Nunca sei pra onde vou
Nunca sei pra onde moro
Eu sou o poema mais triste
para compor numa quarta-feira
e quando for quinta
o sol de quarta ainda estará no céu
Faz tempo que
não moro mais
na minha rua
Faz tempo que não
sei onde morar
Sou uma casa
sem portas, janelas
ou trancas que se possa
forçar para que entre a luz
=Dom
Pandeiro, esperança, viola;
As palmas não forram os pratos,
Crepitam imensa fogueira no ar…
Esperança, viola, pandeiro;
O povo na praça, a praça no povo,
O dia na noite, o sertão no luar;
Pandeiro, viola, esperança;
O gado não morre, a chuva não falta,
O bucho não ronca e o sertão vira mar;
=Dom,
(da Série Cantando o Brasil)
Repente na mente, o poeta do povo,
De repente, cobre de cores os rostos
Sofridos da gente da seca, da fome, do sertão…
=Dom
O porto encontrei,
O alegre ainda procuro
Uma infusão interminável
De cores, cheiros e sons
Prostitutas com pouco pano
E pouca beleza balançam as bolsas
E exibem as pernas
Negrinhos sem futuro ou esperança
Fumam num canto da praça
E eu, que já visitei o porto
E o rubro estádio internacional
Procuro sob as lajotas
O alegre do qual falava Mario Quintana…
=Dom
Não pensei que de tão eloqüente,
“de repente”, ficasse mudo.
Devaneios…
Num instante passo de artista
a mero infante que desconhece
nas frases o verbo ou o sujeito.
Os versos se diversificam.
As idéias concretas liquidificam a si.
E eu me derramo como liquido ébrio
no tapete da sala de tua vida.
=Dom
Da tua boca
a marca, em pele.
Vislumbres de um
futuro que conservo
em saudade.
Nas convexas
de tua carne
rabisco poesia.
Côncavas
curvas onde
convoco meus
cromáticos
sentidos.
Nada é relativo e
em nossas leis,
somos os dois, do tempo
forasteiros e do espaço,
matéria dividindo
um mesmo lugar.
=Dom