No jantar de meus trinta anos
Comi com assombro a tristeza
Que me serviste num prato
Sorvi cada gota de tua incerteza
E limpei minha boca nas mangas
Duma razão rota e desafetada
No jantar de meus trinta anos
Não tive fome
Não tive sede
Nem tive nada
Comi, bebi, chorei
E depois fui dormir
perguntando de que valeram
os muitos versos que compus
Nos meus trinta anos jantei sozinho
E não havia ninguém para lavar os garfos
ou raspar a gordura das panelas
Nos meus trinta anos jantei sozinho
E nem todos os galos do mundo
Me fariam acreditar no amanhecer
No jantar de meus trinta anos
Havia os poemas e era tudo o que havia
(…)
Era tudo o que havia
No jantar de meus trinta anos
=Dom
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3h55, Ribeirão Preto, no jantar de meus 30 anos